Cotação: §§§
Livro: Em Risco
Autor: Patrícia Cornwell
Editora: Companhia das Letras
146 páginas
O que mais me surpreendeu nesse bom romance da dama do crime norte-americana, não foi bem a trama, que, aliás, não é má, mas sim alguns dos personagens. O detetive blasé Win Garano, a Promotora Monique Lamont e principalmente a avó do detetive, a bruxa boa Nana. Todos têm personalidade suficiente para fazer o livro merecer ser lido.
A leitura é rápida e muito agradável, um livro para ser lido na praia, ou no metrô. O léxico simples – e aqui bato palmas para o tradutor Rafael Mantovani também – aproxima o leitor da história que se passa em ao menos duas cidades diferentes – Boston e Knoxville, no estado do Tennesse.
Por iniciativa da promotora Lamont o governador do estado de Massachusetts põe em prática uma nova política de combate ao crime que chamam ‘Em Risco’, coordenada pela própria promotora, com o lema: ‘Qualquer crime, Ontem, hoje ou amanhã’, que pretende solucionar casos do passado valendo-se das mais modernas tecnologias de investigação.
Trata-se de uma jogada notoriamente política já que tanto o governador, quanto a promotora pretendem concorrer ao cargo do primeiro nas eleições que se aproximam. Cada um tentando passar a perna no outro. Lamont, muito espertinha, chama para integrar sua equipe o mais competente dos investigadores de Boston, Win Garano, que no momento está sentado nas cadeiras da Academia Forense Nacional, na cidade de Knoxville.
Não por acaso o crime escolhido para dar início à nova política ocorreu na cidade do Sul onde Garano está freqüentando o curso. O desenrolar da história, contudo, sai do controle de todos, e revelam as verdadeiras intenções daqueles que se achavam manipuladores, mas se descobrem marionetes, culminando num crime aviltante em que a própria promotora é vítima.
Há um leve clima noir, bastante agradável e a cadeia de acontecimentos é bem amarradinha, mas alguns clichês – como o detetive irresistível, soluções de caso pelo indefectível DNA, etc – se não chegam a comprometer o romance ao menos deixam a certeza de que, na realidade esses avanços tecnológicos são uma pedra no sapato dos escritores, que não conseguem se livrar de algumas marcas do passado – o detetive comedor, mas têm que se adaptar aos novos tempos – o famigerado exame de DNA.
Por fim, de positivo ainda vale destacar que o livro é narrado no presente, o que achei muito interessante e o distancia do lugar comum.
O conselho, então, é o seguinte: Se você vai sozinho (a) à praia, se você pega o metrô para ir para o trabalho, se você gosta de deitar numa rede sem pegar no sono, esse livro é uma boa companhia.
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