Boas vindas

Seja bem-vindo, caro leitor/escritor. Ler faz bem à saúde - física e mental. Sabendo disso, obrigo-me a tomar cavalares doses diárias de leitura. Como tudo que é exagerado faz mal, preciso eliminar parte desse remédio para manter meu organismo saudável. Não há pâncreas que produza qualquer enzima capaz de catalizar a leitura, ou fígado capaz de ajudar a excretar o excesso. O melhor tratamento, descobri, é escrever. Crimine Liber, portanto, tem a nobre e terapêutica missão de aliviar a pressão provocada pelas doses de leitura, além de fazer despejar aquilo que meu organismo absorveu de melhor ou pior dos livros que li, tenho lido ou vou ler. Espero que você aprecie!!!

sábado, 19 de março de 2011

A Forma da Água




Cotação: §§§§
Livro: A Forma da Água
Autor: Andrea Camilleri
Editora: Record – Coleção Negra
141 páginas


Se imaginássemos uma reunião do sindicato dos detetives particulares e investigadores célebres de romances policiais, entre Poirot, Holmes, Maigret e Espinoza, certamente lá estaria também o sarcástico e inteligente comissário Montalbano apreciando um belo prato de frutos do mar.

Andrea Camilleri, seu criador é atualmente, se não o maior, um dos maiores sucessos literários da Itália e seu personagem, sem dúvida, um dos mais instigantes e charmosos investigadores de romances policiais que já ganharam as páginas de um livro. Nesse ‘A Forma da Água’, o personagem ganha vida (é o romance em que surge o comissário) numa trama muito bem engendrada e ao mesmo tempo simples – o que se demonstra com o desenvolvimento do livro.

Tudo começa quando dois lixeiros encontram o cadáver de um eminente cidadão de sua cidade dentro de seu carro, abandonado em um lugarejo afastado frequentado por prostitutas e drogados. Assustados, fazem contato com o amigo mais próximo do sujeito, um importante advogado, que parece não se importar com o fato e ordena que a dupla informe sua descoberta a polícia, aí o célebre comissário entra em cena.

A investigação é bastante controversa, já que aparentemente a morte tem causa natural, mas o que vai se apresentando é uma complexa cadeia de interesses políticos e segredos privados escusos dos cidadãos mais importantes da pequena cidade siciliana. Apoiado nas descobertas do seu principal personagem, o autor pode despejar sobre o papel todas as convicções, desilusões e desencantos que guarda a respeito de sua cidade natal e da própria Sicília.

Vale destaque, ainda, o grande valor que o autor dá à gastronomia, e os pratos devorados pelo comissário são um espetáculo à parte, enchem o leitor de curiosidades que transcendem a pura literatura. A nota negativa fica por conta da tradução e revisão, que deixaram escapar alguns erros tolos, mas não contaminam a belíssima obra de Camilleri.

A minha sugestão, portanto, é que você prepare um bom espaguete com frutos do mar, sirva uma taça de vinho branco para acompanhar esse romance delicioso.    

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