Boas vindas

Seja bem-vindo, caro leitor/escritor. Ler faz bem à saúde - física e mental. Sabendo disso, obrigo-me a tomar cavalares doses diárias de leitura. Como tudo que é exagerado faz mal, preciso eliminar parte desse remédio para manter meu organismo saudável. Não há pâncreas que produza qualquer enzima capaz de catalizar a leitura, ou fígado capaz de ajudar a excretar o excesso. O melhor tratamento, descobri, é escrever. Crimine Liber, portanto, tem a nobre e terapêutica missão de aliviar a pressão provocada pelas doses de leitura, além de fazer despejar aquilo que meu organismo absorveu de melhor ou pior dos livros que li, tenho lido ou vou ler. Espero que você aprecie!!!

sábado, 14 de maio de 2011




Cotação: §§§§§
Livro: Vento sudoeste
Autor: Luiz Alfredo Garcia-Roza
Editora: Companhia das Letras

210 páginas

Minha admiração por Garcia-Roza não é segredo para as pessoas que convivem comigo, ou com as quais de vez em quando converso sobre literatura. A elegância da escrita, as tramas bem engendradas, os personagens bem construídos por forte influência de sua excelência na área da psicanálise me encantam. Daí que foi para mim uma surpresa esse ‘Vento sudoeste’. Digo isso porque não esperava mais me surpreender com a obra do autor, julgava-me um leitor experiente de seus romances, e descobri que ainda há muito que conhecer.
Nesse livro vê-se um Delegado Espinosa amadurecido (em contraponto a ‘O silêncio da chuva’ – primeira obra de ficção do autor), não como homem, não como policial, mas como personagem mesmo. Revisando a obra do autor o delegado parece sofrer uma virada, é nesse romance inacreditavelmente ousado e original que Espinosa faz por merecer sua entrada triunfal no hall dos celebres investigadores de tramas policiais, sentando-se ao lado de Marlowe, Scarpetta, Poirot, Maigret, dentre outros.
O livro, no entanto, é mais do que um palco para o astro principal brilhar (personagens como Gabriel, D. Alzira e a entrada de Irene na vida do delegado merecem destaque). Todos os elementos do romance policial clássico são utilizados com maestria acorrentando o leitor ao livro. A história surpreende pela originalidade e começa com a improvável confissão antecipada de um homicídio. Um jovem atormentado por um vaticínio procura Espinosa para contar que antes de seu próximo aniversário deverá cometer um assassinato. Não sabe o nome da vítima, não sabe quando ou onde o crime será cometido, tampouco os motivos que o levarão a cometê-lo. Sabe apenas que irá acontecer e o tempo corre a favor da predição.
A ‘confissão’ é ponto de partida para uma complexa cadeia de acontecimentos que levam os atores a um final digno de aplauso. Sim, no final já sem fôlego a única coisa que me restou foi levantar e aplaudir (uma cena que minha esposa jamais vai esquecer) o maior autor brasileiro de romance policial na atualidade.

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